Não queres ir à escola!?
Por que não?
Eu sei, meu neto.
O teu pai não presta,
A tua mãe também não;
Contigo, ninguém foi correto.
Que mundo tão imundo!
Que podridão!
Tens-me a mim, meu neto!
Eu sei, sou o segundo,
Embora me tenhas no coração;
O que te fizeram não está certo.
Sim, meu neto!
Fui eu...
Hoje não cantas, não ris, não queres sair
Nem brincar;
Só queres sofrer,
Não fui correto.
Que falhanço, o meu!
Hoje, só tu não queres existir nem passear;
Podes me condenar,
Fui eu que te deixei morrer,
Não fizesse o teu pai nem a tua mãe,
Ninguém, sei, lá!
Sofrer não sofrias, isso, sei eu!
Mas gosto muito de ti;
Não te quero ver sofrer.
Contudo, digo-te: o que eu fiz foi por bem;
Só tu me conservas cá.
És tudo o que tenho de meu;
Quero-te ver por aqui,
Mas fui eu que te deixei morrer!
Que pecado, meu Deus, eu fiz!
Sem querer!? Não. Não sei!
Meu neto!
Sem pai nem mãe,
Abandonado, a sofrer...
Sinceramente, eu não quis,
Mas nunca me perdoarei;
Meu amor! Comigo, conta. Eu sou certo.
Eu sei. O que queres, o avô não tem...
Meu neto! Eu não te vou deixar morrer!
Ah! Se eu não tivesse nascido ou já tivesse morrido;
Não chegavas a nascer...
Não estaria arrependido e nem te via dorido,
Mas quero-te ver viver.
Eu sei. Sei as estórias que te puseram no pensamento...
São quase todas iguais,
Mas esse teu sofrimento, tão doloroso e lento;
É mais triste e birrento, do que o do pai dos pais.
Só tu confirmas que já andei por aqui;
Faz com humildade e bondade, a minha continuação,
Conta comigo, estou sempre abraçado a ti,
Mas pelo mal que te causei, aceita o meu perdão!
A loucura deles, mesmo que passageira;
Te garanto: é traiçoeira!
Os mimos que te deram, não darão mais;
Um dia, à tua maneira,
Olhando-os sem brincadeira,
Vem-te a interrogação: serão estes, os meus pais?
Ah! Ah, como gostava que nada fosse realidade
E tudo fosse um capricho que não trouxesse saudade.
david santos
sexta-feira, outubro 27, 2006
quinta-feira, outubro 05, 2006
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