Um dia,
Anoitecia,
Já mal se via,
Algo aparecia.
Da escuridão,
Quem me diria?
- Sou tua amante, tua paixão!
Sou alegria.
Correndo, da solidão,
Esfuziante, coisa que há muito não sentia,
Em pouco tempo, com prontidão,
Veio-me à mente a poesia.
Por vezes usamos a poesia, não para divagar com realidades, mas sim para as mostrar. Usamos as variantes mais belas da nossa mente, a bondade, a saudade, o sentimento e dor por quem sofre, como que a pala de um vulgar boné para esconder as outras: as subjectivas e irreais. Um dia, em plena guerra, ao ver crianças maltratadas, olhei nos olhos dos malfeitores e disse-lhes: «Quem não deixar crescer as crianças, será sempre pequeno.» Pode parecer estranho, mas dos poucos que ainda conheço, a maioria já morreu, nenhum cresceu, os que ainda vão estando por aqui, continuam todos muito pequenos.
David Santos